Suprema Corte dos Estados Unidos suspende deportação de venezuelanos do Texas
Decisão responde ao recurso de emergência apresentado por advogados de direitos humanos para frear a deportação de migrantes atualmente retidos em um centro do Estado do Texas
Por Jovem Pan 19/04/2025 17h49
EFE/EPA/CHRIS KLEPONIS / POOL

Trump acusou a Venezuela de 'perpetrar uma invasão' dos Estados Unidos com a entrada no território americano de supostos membros do 'Tren de Aragua'
A Suprema Corte dos Estados Unidos suspendeu, neste sábado (19), a deportação de vários supostos membros de gangues venezuelanas do Texas para uma prisão salvadorenha, medida decretada com base em uma lei do século XVIII. O presidente americano, Donald Trump, invocou no mês passado a Lei de Inimigos Estrangeiros de 1798 para prender supostos membros do grupo criminoso “Tren de Aragua” e deportá-los para uma prisão de segurança máxima em El Salvador.
Até então, a lei só havia sido utilizada durante a guerra de 1812 contra o Império Britânico e suas colônias canadenses e nas duas guerras mundiais do século XX. “O governo é instruído a não remover nenhum membro da suposta classe de detidos dos Estados Unidos até nova ordem deste tribunal”, afirma a breve ordem da Suprema Corte emitida na madrugada de sábado.
A decisão responde ao recurso de emergência apresentado por advogados de direitos humanos para frear a deportação de migrantes atualmente retidos em um centro do estado do Texas (sul dos Estados Unidos). No recurso apresentado na sexta-feira (18) à noite, a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês) argumentou que foi comunicado ao grupo de venezuelanos retidos no Texas que eles “seriam expulsos de maneira iminente” com base na lei de 1798. “Estes homens corriam o risco iminente de passar suas vidas em uma prisão estrangeira horrível, sem nunca terem tido a chance de ir ao tribunal. Nós estamos aliviados de que a Suprema Corte não tenha permitido que o governo os levasse embora como outros foram levados no mês passado”, disse o advogado da ACLU, Lee Gelernt.
Os advogados de vários venezuelanos deportados previamente insistem em que seus clientes não eram membros do ‘Tren de Aragua’ e afirmam que não haviam cometido crimes e que, em grande medida, foram alvos da campanha pelas tatuagens em seus corpos.
Oportunidade de defesa
Trump, que durante a campanha eleitoral prometeu expulsar milhões de migrantes sem documentos, acusou a Venezuela de “perpetrar uma invasão” dos Estados Unidos com a entrada no território americano de supostos membros do ‘Tren de Aragua”. A Suprema Corte já havia afirmado no início do mês que qualquer pessoa em um processo de deportação no âmbito da lei do século XVIII deveria ter a oportunidade de contestar judicialmente a expulsão.
A ACLU afirmou em seu recurso de sexta-feira que os migrantes detidos no Texas corriam o risco de “ser expulsos dos Estados Unidos sem aviso prévio, nem a oportunidade de serem ouvidos”. “Muitos indivíduos já foram colocados em ônibus, presumivelmente direcionados para o aeroporto”, destacou o grupo.
Na semana passada, a Suprema Corte ordenou que o governo Trump deve “facilitar” o retorno de um migrante salvadorenho expulso por engano em março e detido em uma prisão de seu país, também com base na mesma lei. Kilmar Ábrego García recebeu status legal de proteção em 2019, quando um juiz determinou que ele não deveria ser deportado para seu país porque poderia estar em perigo. Mesmo assim, em 16 de março ele foi transferido para a prisão de segurança máxima construída para abrigar membros de gangues pelo presidente salvadorenho, Nayib Bukele. Um total de 288 venezuelanos e salvadorenhos foram levados para a penitenciária em El Salvador depois da deportação pelo governo Trump.
Embora tenha reconhecido um “erro administrativo”, o governo Trump argumenta que não pode corrigir o equívoco porque Ábrego García já está detido em El Salvador.
Os migrantes deportados para El Salvador estão encarcerados no Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), a sudeste da capital, San Salvador. Esta prisão é considerada a maior penitenciária da América Latina, com capacidade para 40.000 pessoas. Os detentos vivem amontoados em celas sem janelas, dormem em camas de metal sem colchão e não podem receber visitas.
*Com informações da AFP
Publicado por Nátaly Tenório